sexta-feira, 17 de março de 2017

[CC #3]: CARCINOMA ESCAMOCELULAR


Carcinoma é o câncer que se origina de um tecido epitelial e surge quando uma célula epitelial qualquer sofre transformação maligna. Os carcinomas de células escamosas podem ocorrer em todas as partes do corpo, incluindo as membranas mucosas e genitais, embora se desenvolvam mais em áreas constantemente expostas ao sol, como braços, pernas, pescoço, rosto e couro cabeludo. Como as células escamosas também revestem diversos outros tecidos, esse carcinoma também pode surgir nos lábios, boca, tubo digestivo, tireoide, bexiga, próstata, pulmões, vagina, colo do útero ou ânus.  O carcinoma de células escamosas (CCE) da boca, também denominado carcinoma epidermóide, carcinoma escamocelular e carcinoma espinocelular, é considerada a neoplasia maligna mais comum nesta região.


Para saber mais: Tumores derivados de células epiteliais
Tumores benignos e malignos podem originar-se da maioria dos tipos de células epiteliais. Carcinoma é um tumor maligno de origem epitelial (a denominação sarcoma é reservada para tumores originados do tecido conjuntivo).
Os tumores malignos derivados de tecidos epiteliais glandulares são normalmente denominados adenocarcinomas; estes são os tumores mais comuns em adultos. Em crianças de até 10 anos, a maioria dos tumores se desenvolve (em ordem decrescente) de órgãos hematopoéticos, tecido nervoso, tecidos conjuntivos e tecidos epiteliais. Esta proporção muda gradualmente, e, após os 45 anos, a maioria dos tumores é de origem epitelial.
 

Fatores de risco para o carcinoma escamocelular
Informações sobre idade, sexo, profissão, raça, hábitos de tabagismo e etilismo, localização da lesão, tratamento, grau de diferenciação histológica são muito importantes para o diagnóstico do carcinoma escamocelular.
Não há um agente carcinogênico isolado, mas sim uma somatória de agentes associada à predisponência do indivíduo. O fumo, devido aos seus compostos carcinogênicos como o alcatrão e a nicotina, aumenta em duas vezes o risco de se desenvolver tal neoplasia. O tabagismo, por si só, tem sido implicado como o principal fator de risco na etiologia para o câncer bucal, em qualquer idade. A quantidade de cigarros industrializados consumidos por um indivíduo se reflete diretamente numa maior probabilidade de desenvolvimento do câncer bucal. O risco de desenvolvimento de CCE bucal em fumantes de cigarro industrializado é 6,3 vezes maior do que em não-fumantes. Este risco aumentaria para sete vezes em consumidores de cigarro de palha, e para 14 vezes em usuários de cachimbo.
É sabido que o carcinoma de células escamosas da mucosa bucal é uma neoplasia maligna, visto predominantemente em pessoas de idade mais avançada e raramente em indivíduos jovens. O diagnóstico da doença em estágio avançado continua a ser uma situação comum e isto resulta em elevadas taxas de morbidade e mortalidade. Possui predileção pelo gênero masculino, com proporção homem:mulher de 8:1 na população abaixo de 60 anos e de 3:1 na população acima de 60 anos, ocorrendo mais nas 5ª e 6ª décadas de vida







Não há um estudo comprovando que o álcool seja etiologia do CEC, porém o etanol associado aos componentes do fumo eleva em 141 vezes a possibilidade de se adquirir essa patologia, ou seja, o efeito simultâneo do álcool e do tabaco pode aumentar o risco de se desenvolver um câncer bucal. O álcool sozinho não pode ser associado à fase iniciadora da carcinogênese bucal, mas acredita-se que ele possa promover essa fase iniciadora ao potencializar os efeitos carcinógenos do tabaco.
 A radiação, problemas nutricionais como a deficiência de ferro na Síndrome de Paterson-Kelly e avitaminoses A, B e C, exposição à luz ultravioleta, presença de oncogenes e a inibição dos genes supressores de tumor como o p53 são outros fatores que podem ocasionar o aparecimento da lesão.
Pessoas com pele e cabelos claros e olhos azuis, verdes e acinzentados estão no grupo de maior risco de desenvolver a doença, essas têm mais chances de sofrer o carcinoma espinocelular, assim como as pessoas que têm albinismo ou sardas. Qualquer indivíduo com um histórico de frequente exposição ao sol tem um risco elevado de desenvolver a doença. Aqueles que permanecem por muito tempo debaixo do Sol estão em situação perigosa. Qualquer pessoa que já desenvolveu carcinoma basocelular está mais propensa a desenvolver câncer de células escamosas, assim como os indivíduos que possuem condições hereditárias que deixam a pele mais susceptível aos raios UV – como o xeroderma pigmentoso.


Para saber mais
“Em dois anos, mais de 20 mil pessoas morreram por câncer na Bahia”

http://www.correio24horas.com.br/detalhe/saude/noticia/em-dois-anos-mais-de-20-mil-pessoas-morreram-por-cancer-na-bahia/?cHash=3b8c71597cfb2dade194342c2595216a

Locais onde podem ocorrer
 Como as células escamosas também revestem diversos outros tecidos, esse carcinoma também pode surgir nos lábios, boca, tubo digestivo, tireoide, bexiga, próstata, pulmões, vagina, colo do útero ou ânus.
Câncer de cabeça e pescoço é representado na sua imensa maioria por neoplasias epiteliais do tipo carcinoma de células escamosas ou também conhecido com carcinoma espinocelular (CEC) que acometem as vias aerodigestivas superiores.
O câncer de boca e orofaringe está relacionado principalmente ao tabagismo e etilismo.O comportamento é bastante agressivo, apresentando metastatização cervical precoce. O câncer da orofaringe tem como agravante ser oligossintomático no início, seja devido ao padrão de inervação sensitiva, dada pelo glossofaríngeo, seja devido à superfície irregular da mucosa, em especial a das tonsilas palatinas, com suas criptas, onde um pequeno carcinoma pode ficar oculto ao exame clínico, ou ainda pelo padrão de inspeção do paciente, nem sempre muito atento

O câncer de boca e orofaringe é de comportamento agressivo e, no Brasil, a incidência é considerada uma das mais altas do mundo, sendo o mais comum da região de cabeça e pescoço.


 
A língua é o sítio mais comum para o CCE bucal, correspondendo a 44% dos casos, seguido pelo assoalho bucal com 16% . Verificou-se maior prevalência desta lesão no assoalho bucal (27,9%), seguido pela língua (22,1%) e pelo trígono retromolar (15,6%). A localização anatômica foi considerada fator de influência no prognóstico, considerando-se que os tumores apresentam comportamento clínico diferente, conforme a sua localização. A mucosa jugal foi o sítio de maior incidência em pacientes acima de 60 anos. Em pacientes mais jovens, houve maior acometimento da língua, isolada ou associada ao assoalho bucal.


Histopatologia

Macroscopicamente, os CCEs podem apresentar aspecto proliferativo, semelhante a couve-flor ou erosivo recoberto por crostas que não cicatrizam. São ligeiramente elevados, muitos com base ampla, onde à medida que o tumor torna-se invasivo na derme, a lesão tende a ser mais firme. É um tumor localmente invasivo e metástases geralmente ocorre para linfonodos regionais.
Microscopicamente, as células neoplásicas apresentam núcleos grandes, centrais, muitas vezes vesiculosos, com vários nucléolos e citoplasma proeminente, que se arranjam formando ilhas ou cordões de células epidérmicas proliferadas ou não, que se estendem através da derme, demonstrando um grau variável de diferenciação neoplásica.
Os CCEs bem diferenciados apresentam células dispostas em cordões ou espirais com centros queratinizados, muitos em forma de pérolas lamelares, e/ou dispostos em pontes intercelular. A queratinização, quando presente, restringe-se à queratinização individual acompanhada de cariorexia e ausência de picnose.
O modo de invasão do carcinoma espinocelular é definido em quatro grupos.
O grau 1 apresenta limites bem definidos, o grau 2 possui limites menos marcados e o grau 3 apresenta grupos celulares sem limite distinto. No grau 4, o crescimento é difuso e pode-se dividi-lo em crescimento em cordões (grau 4C) e tipo difuso (grau 4D). Os parâmetros histológicos da relação tumor-hospedeiro do carcinoma de células escamosas são considerados como importantes na predição de futuras metástases para linfonodos regionais e no prognóstico.

O carcinoma de células escamosas surge da multiplicação descontrolada de células do epitélio e podem conter queratina e redes de filamentos ou desmossomos. Existem 6 sub-tipos: Adenoide, basaloide, células claras, células espinosas, células em anel de sinete e pleomórfico.


Figura 1 - CCE Adenoide


Figura 2 - CCE Basaloide



 
Figura 3 - CCE de células claras


Figura 4 - CCE de células espinhosas



Figura 5- Carcinoma com células em anel de sinete

Figura 6 - CCE Pleomórfico, pobremente diferenciado, sem queratina.



A classificação histopatológica de malignidade proposta pela OMS, em 2005, baseou-se no grau de diferenciação celular e permitiu o agrupamento dessa neoplasia maligna em três categorias. Os carcinomas de células escamosas de cavidade oral puderam, então, ser classificados em pouco, moderadamente e bem diferenciados . Os bem diferenciados foram assim denominados quando sua arquitetura tecidual se assemelhou a um padrão normal de epitélio escamoso. Os pouco diferenciados, caracterizaram-se pelo predomínio de células imaturas, numerosas mitoses típicas e atípicas, bem como mínima ceratinização. Os CCE moderadamente diferenciados apresentaram atividade mitótica e pouca ceratinização.


Causas
Exposição crônica à luz solar causa a maioria dos casos de carcinoma de células escamosas. O uso frequente de câmaras de bronzeamento artificial também multiplica o risco de a doença se desenvolver; pessoas que se bronzeiam artificialmente têm 2,5 mais chances de desenvolver carcinoma de células escamosas do que aquelas que não realizam o procedimento. Por outro lado, feridas na pele também são causas importantes do problema. O câncer pode aparecer em queimaduras, cicatrizes, úlceras, feridas mais antigas e em partes do corpo previamente expostas a raios X ou a produtos químicos (como os feitos à base de petróleo e arsênio).
O carcinoma também pode ser desenvolvido a partir de infecções crônicas e inflamações na pele. Além disso, HIV e outras doenças imunodeficientes, quimioterapia, drogas antirrejeição utilizadas em transplantes de órgãos, e até mesmo exposição excessiva à luz solar tornam o sistema imunológico mais fraco, o que diminui a resistência a doenças e aumenta o risco de desenvolver câncer de pele.
Ocasionalmente, os carcinomas de células escamosas surgem de forma espontânea onde aparentemente existe apenas pele saudável. Alguns pesquisadores pensam que a tendência a desenvolver esse câncer possa ser hereditária.

O que procurar
Carcinomas de células escamosas apresentam-se como machucados persistentes, ásperos, descamativos e espessos, que podem sangrar em caso de trauma local. Muitas vezes são parecidos com verrugas e, às vezes, assemelham-se a machucados abertos com bordas levantadas e crostosas.



 
Uma persistente mancha vermelha com escamas e crostas, que pode ocasionalmente sangrar

Um tumor elevado com uma depressão central, que pode ocasionar sangramentos e aumentar de tamanho rapidamente.

Um machucado aberto que forma crostas, sangra e persiste por semanas.

Lesão semelhante a uma verruga, que forma crostas e sangra ocasionalmente.



Além dos sinais de carcinoma de células escamosas aqui apresentados, o médico deve ser consultado imediatamente caso haja qualquer mudança em lesões pré-existentes, machucados abertos que não se curam, ou desenvolvimento de novos tumores.

Tratamento
Caso sejam detectados no estágio inicial e removidos rapidamente, os carcinomas de células escamosas causam danos mínimos e quase sempre são curáveis. Entretanto, se não tratados, os tumores podem, eventualmente, invadir os tecidos subjacentes e desfigurar o tecido cutâneo. Uma pequena porcentagem pode inclusive criar metástases e atingir outros órgãos, tornando-se fatal. Portanto, qualquer lesão suspeita deve ser examinada pelo médico imediatamente. Pequenas amostras (biópsias) serão examinadas em microscópio para concluir o diagnóstico. Se a existência de células cancerígenas for constatada, será necessário um tratamento.
Felizmente, existem várias maneiras de se erradicar o câncer de células escamosas. A escolha do tratamento é feita com base no tipo, tamanho, local e profundidade do tumor, assim como na idade do paciente e nas suas condições gerais de saúde.
O tratamento pode ser quase sempre feito no consultório médico ou numa clínica. Anestesia local é utilizada para os procedimentos. Na maioria das técnicas, qualquer tipo de desconforto ou dor é mínimo, e raramente os pacientes sentem muita dor depois.

Prevenção
Apesar de o carcinoma de células escamosas e outros cânceres de pele serem quase sempre curáveis quando detectados e tratados precocemente, a prevenção é a melhor alternativa. Tenha em mente os seguintes hábitos de exposição segura ao Sol em sua rotina de cuidados com a saúde:
  • Procure ficar na sombra, especialmente entre 10 da manhã e 4 da tarde.
  • Não se queime.
  • Evite bronzear-se ou utilizar câmaras de bronzeamento artificial.
  • Para proteger-se do Sol, vista-se com roupas adequadas e utilize chapéu de abas largas e óculos de Sol com filtros para radiação UV.
  • Use um filtro solar de amplo espectro (UVA/UVB) FPS 15 ou superior todos os dias. Para atividades prolongadas ao ar livre, use um filtro solar resistente à água, de amplo espectro (UVA/UVB) com FPS 30 ou superior.
  • Aplique 30 gramas (ou duas colheres) no corpo inteiro 30 minutos antes de sair ao ar livre. Reaplique a cada 2 horas ou depois de nadar ou suar em excesso.
  • Mantenha os recém-nascidos longe do Sol. Filtros solares só podem ser utilizados em bebês maiores de 6 meses.
  • Realize um autoexame da pele, da cabeça aos pés, a cada 6 meses.
  • Consulte seu dermatologista todos os anos para que ele faça um exame completo da pele.


Referências:






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